quarta-feira, 27 de maio de 2015

Terriveis Segredos - Capitulo 24

Minha mãe entrou pela porta para verificar se eu estava bem.
- Seus pesadelos não haviam parado?
-Eu achei que sim, mas pelo jeito eu estava errada! – Achei que graças ao espírito dos dois últimos anciões de Lemurian eu não teria mais que passar por isso.
-Bom já que está acordada se vista com alguma coisa mais quente e venta até o jardim dos fundos. Está na hora de te mostrar uma coisa. 
Coloquei uma camiseta mais quente e fui até o jardim dos fundos para ver o que minha mãe queria me mostrar.
Ao chegar à porta da cozinha que dava para fora uma luz amarela como a luz de uma fogueira escapava pelas frestas.
Ao abrir a porta vi minha mãe com um vestido preto que mostrava muito de sua pele. Ela estava com uma cesta repleta de ervas, flores e mais algumas coisas que expeliam um aroma agradável. Uma mini fogueira estava a sua frente com suas chamas dançando a luz da lua cheia.
-Por que demorou a descer?
-Eu não encontrava meus sapatos.
-Não devia ter os procurado. Seria melhor para entrar em contato com a natureza se estivesse descalça. Venha ate aqui.
Quando cheguei perto dela recebi um abraço, ele estava repleto de amor, carinho, cuidado e vontade de me proteger de todo o mal.
- Mãe se você esta assim por que vim no carro do...
-Não quero falar disso. 
-Okay. E o que queria me mostrar?
-Hoje é a ultima noite de lua cheia, achei que esta na hora de fazermos um ritual juntas.
- Um ritual? Está falando serio?
-Claro que estou. A menos que você não queira.
-Quero sim! Eu vou amar. E porque o papai não esta aqui?
-Seu pai é humano Kora! Humanos não suportam a intensidade dos rituais lemurianos.
-Entendo. E o que vamos fazer nesse ritual?
-Primeiro vamos agradecer aos deuses e depois pensei em fazer uma poção feitiço.
-Como isso funciona?
-Você vai ver. Mas primeiro vamos aos agradecimentos.
Com isso minha mãe me explicou o que eu deveria fazer. Ela usou um galho ornamentado que ela disse ser de salgueiro para criar um circulo e depois invocou os cinco elementos cada um com um objeto. O fogo era a vela, o ar um incenso, a água um cálice com água pura a terra um cristal e o espírito ela disse estar sendo representado por nós. Precisávamos deles para ajudar na força das nossas palavras. Feito isso demos as mãos e olhamos para lua que estava à cima de nossas cabeças. Agradecemos pela magia que corre em nossos corpos e por sermos dignas de usá-la. Depois agradecemos aos elementos por sua presença e os liberamos do circulo.
-Agora Kora, vá até a cesta e a traga até aqui perto da fogueira.
Peguei a cesta e a entreguei para minha mãe que retirou um cristal que reconheci ser o mesmo que usei para acordá-la do pesadelo no dia em que ela me contou que éramos bruxas.
-Aqui está meu livro das sombras. 
-Mas é apenas um livro Mamãe.
-Você já devia saber que nem tudo é o que parece quando se trata de magia.
Ela fechou os olhos e em sua mão o cristal lemuria começou a brilhar e depois a se desfazer em uma poeira cintilante que rodopiava nas mãos da minha mãe.
-“Em minhas mãos parte do conhecimento está e agora nos da minha filha de coração também estará”. Coloque suas mãos em cima das minhas.
Quanto coloquei a poeira cobriu minhas mãos assim como fazia nas da minha mãe, para logo em seguida se transformar em um livro de capa preta.
-Esse é meu livro das sombras, e agora também é seu. Aqui coloquei todas as poções que criei e alguns feitiços que aprendi durante os anos. Alem de poções há também feitiços de localização, proteção, e uns três de defesa caso precise- E me mandou uma piscadela. 
-Mas agora o que precisamos esta nesta pagina.
Do nada as paginas começaram a avançar sozinhas, parando em uma folha onde havia desenhos de flores e galhos, e um pequeno texto no estilo receita.
-Como se chama esse feitiço poção mamãe?
-Você pode chamá-lo de poção mão coruja, eu o criei há alguns anos, ele funciona como um imã de sabedoria e também para proteção entre outras coisas.
 - E como vamos fazer isso? Aqui só tem uma receita e algumas palavras no final.
-Poções são simples meu amor! Grande parte delas é como se fossem uma sopa onde você coloca os ingredientes que darão o sabor. Nesse caso cada um dos ingredientes corresponde a um efeito desejado.
-Então poções são fáceis de fazer.
-Não exatamente. Não é apenas jogar os ingrediente e pronto. Cada ingrediente em sua maioria tem mais de uma característica. A ameixeira, por exemplo, você pode usá-la para beleza ou proteção. Para se criar poções é preciso saber o que está usando. Isso que faremos hoje, por exemplo, é uma poção feitiço, o feitiço impede que uma característica indesejada apareça na poção. Mas agora chega de papo, vamos ao que interessa.
Ela Pegou a cesta e pediu para que eu lese o que estava escrito na pagina de seu livro.
-“Uma Anemona vermelha e outra branca para a perseverança;
Alecrim para a coragem;
Cravo Branco para o talento;
O bambu para o equilíbrio;
A cerejeira para a sabedoria;
O carvalho para a força;
E menta para que as lembranças boas permaneçam.” 

Enquanto lia a receita minha mãe foi jogando cada ingrediente na fogueira para ser consumido pela chamas. Eu não sabia como isso iria se tornar uma poção, mas minha mãe sabe mais que eu então não tenho do que duvidar.
-Agora minha filha leia as palavras a baixo, mas não apenas leia, as diga visualizando sua magia banhando cada palavra com poder.
Eu não sabia como faria isso, mas se minha mãe acreditava que eu era capaz então eu deveria mesmo ser. Então fiz o que ela disse e senti cada palavra sair de minha boca com parte do meu poder. 
-” É PRECISO PERSEVERANÇA PARA ALCANÇAR O INALCANSAVEL. DESEJO QUE MEU TALENTO SEJA CADA VEZ MAIOR E QUE NUNCA ME FALTE EQUILIBIO PARA AS DIFICULDADES VENCER. QUERO A FORÇA PARA SUPORTAR AS DORES QUE NO FUTURO POSSAM ME ALCANÇAR.  A SABEDORIA NUNCA PODE FALTAR PARA QUE AS MEMORIAS BOAS POSSAM SEMPRE CRESCER.”
Ao terminar de falar as chamas que até agora crepitavam na minha frente se extinguiram deixando apenas uma esfera brilhante onde deveria ter as cinzas da fogueira feita por minha mãe.
-Parabéns Kora você conseguiu agora pegue-a.
Me aproximei de onde as chamas há alguns momentos estavam e com receio peguei a esfera que brilhava em tons de laranja. Minha mãe foi até a porta da cozinha ficando de costas para mim deixando a mostra uma tatuagem que nunca havia visto antes nela, até agora.
-Como assim a senhora tem uma tatuagem e nunca me contou?
-Hahaha isso é uma historia para ser contada enquanto tomamos nossa poção. Venha estou louca para provar.
Corri para dentro, essa experiência com minha mãe me fez esquecer por um momento o pesadelo horrível que tive antes de despertar. Tudo o que me vinha na cabeça agora era que eu realmente era capaz de usar minha magia. Mas a visam de eu matando meus amigos ainda iria me atormentar.

Terríveis Segredos - Capitulo 23

Quando a porta se fechou minha mãe me encarou, mesmo com o rosto tomado por raiva eu vi medo em seus olhos, não há como negar que a presença de Jonathan Warboys na minha volta para casa a perturbou.
- É melhor ir dormir Kora, amanha será um longo dia.
Foi à única coisa que ela disse. Depois disso se virou e subiu as escadas em direção ao seu quarto. Certamente meu pai já esta dormindo por isso a casa esta tão quieta e escura. E provavelmente por isso ela não discutiu comigo como eu sabia que ela queria.
Passando na frente do quarto dos meus pais o som de suas vozes deixou claro que ambos estavam acordados e que não queriam que eu ouvisse a conversa. Mas foi ai que eu quis ouvir, encostando o ouvido na porta eu desejei ouvir o que eles falavam, fechei os olhos e me concentrei em suas vozes, e em um piscar de olhos era como se eles estivessem falando na minha frente sem nenhuma parede ou porta impedindo o som de chegar aos meus ouvidos.
- Ela voltou no carro de quem?
- Jonathan Warboys.
Silencio.
- Calma querida, será que ele sentiu algo?
- Não sei, eu... Eu fechei a porta correndo, se ele... Se ele suspeitar...
- Calma querida, calma, nada vai acontecer com a nossa garota.Você está camuflando os poderes dela. Ele não vai perceber
- Mas se ele suspeitar de algo, ele... Ele vai ficar insistindo ate achar. Eu o conheço desde quando éramos crianças, quando ele coloca algo na cabeça nada consegue tirar, ele procurar Amélia até hoje mesmo depois de dezesseis anos é mais do que prova disso.E cada vez está ficando mais difícil de manter o feitiço sobre ela. Eu até acho que ele deve ter falhado em algum momento.
- Meu amor, tudo o que podemos fazer é deixar as coisas rolarem, esta indo mais rápido que esperávamos, mas nos sabíamos que isso ia acontecer cedo ou tarde... E não podemos fazer nada para impedir.
- Mas ela... Ela não esta pronta.
- Então a prepare.
  O silencio que se seguiu foi tamanho que eu decidi ir tomar banho e dormir. Eu sabia que meus pais escondiam algo de mim, mas não queria estragar minha noite completamente mágica com duvidas que não seriam respondidas. Não estou pronta para que? Por que Jonathan Warboys é tão importante? O que meus pais escondem de mim? São perguntas que terei que achar as resposta outra hora, não agora que descobri minha ligação com a terra e de ter visto toda a magia que existe na floresta. Agora eu só queria deitar e aproveitar mais uma noite de sono sem pesadelos graças ao espírito.
Depois do banho, me esparramei na cama, ansiando uma noite de bons sonhos. Mas nem tudo é um conto de fadas e fechar os olhos naquela noite foi como abrir a porta para um inferno que era somente meu.
Eu estava de volta à entrada da biblioteca secreta, estava de dia, mas nuvens escuras impediam a passagem da luz do sol. Alguma coisa estava errada, olhei para as arvores dos deuses e não havia uma folha ou flor se quer. Seus galhos estavam secos, sem vida. Meu coração disparou e corri para dentro da nevoa que me levaria à escadaria.
Quando alcancei a primeira estante de livros tudo parecia normal, até eu decidir tocar em um livro para sentir que realmente estava tudo bem. A capa do livro que falava sobre criaturas mágicas começou a se desfazer em uma areia negra. Logo que o primeiro livro se desfez todos os outros começaram e se desmanchar diante dos meus olhos até não restar nada a não ser uma praia negra e sem mar. O terror invadiu meu corpo e só piorou quando as velas encantadas pelo meu amigo Bel começaram uma a uma a se apagar, o instinto de correr foi mais forte e fui para a única sala onde a luz parecia não se abalar.
Ao chegar percebi que estava na sala com o desenho da arvore no teto e que suas raízes se espalhavam pelas paredes. Estive aqui hoje à noite ou seria a mais tempo, já não me lembrava que dia era.
Vi minha mãe, meu pai, o Bel, a Brigit, o Dylan, o Matt, uma mulher de cabelos loiros estava me olhando deixando seus olhos cor de mel a mostra de onde uma lagrima escorreu, ao seu lado estava Jonathan Warboys e ainda outras pessoas que eram desconhecidas por mim. Eles estavam encostados a parede. Tentei ir ao encontro da minha mãe, mas não consegui me mover, algo mantinha meu corpo preso onde eu estava, olhei para o chão e vi que estava ao centro da sala onde havia o circulo com as fases da lua e algumas figuras representando o sol. Os desenhos dos astros estavam brilhando em uma luz negra. Comecei a gritar para eles, ninguém me olhava alem da mulher que chorava.
-Por que estão ai parados? Este lugar está desmoronando, precisamos sair. Me ajudem.
Nenhuma resposta.
 -Mãe? Papai? Bel?Por favor, precisamos fugir se não todos iremos morrer.
Comecei a chorar quando percebi que não haveria resposta nenhuma. Eu estava apavorada.
-Porque não se mechem?
-Por que eles não podem minha querida. - Uma voz profunda e completamente fria ecoou por toda a sala.
- Quem esta ai? Apareça? Ajude-nos precisamos escapar desse lugar!
-Há minha Pequena Bruxa, eles estão ai porque você os prendeu aqui. Você que os está mantendo neste lugar!- Nessa hora uma sombra saiu da escuridão que se formou onde antes estavam os milhares de livros. Ela tinha a forma humana e traços de uma mulher, mas não tinha rosto, na verdade nem era solida, era literalmente uma sombra. -Você está se fortalecendo graças ao poder dessas pessoas, afinal eles não eram tão inúteis.
-Do que está falando? Quem é você? Solte meus amigos agora.
-Eu não posso poderosa Kora! As raízes da noite são suas, você as invocou.
Quando a sombra disse isso percebi que as pessoas que amo não estavam encostadas e sim presas pelas raízes que antes eram apenas desenhos, mas que agora saíam da parede e se emaranhavam pelos seus corpos.E o mesmo brilho negro que saia dos desenhos dos antros aos meus pés agora saiam das minhas mãos.
-Se sou eu que estou fazendo isso, então eu irei solta-los.
-Você não quer solta-los! Você quer o poder deles para conseguir ser a criatura mais poderosa. Até mais poderosa que os próprios deuses.
-E... Eu não! Sim é verdade. Mais poderosa que os Deuses. E para isso eu preciso sugar toda a magia que está dentro deles.
- Mas assim você ira matá-los. Você não se importa com isso?
-Não. Eu só quero ser mais poderosa. Só isso importa. - O que esta acontecendo comigo?Eu não quero matar as pessoas que amo! Ou será que quero?
-Sim você quer matar essas pessoas!
As raízes começaram a subir até os pescoços deles e em seus rostos a cor começou a sumir, os olhos da mulher loira antes quase dourados foram perdendo a cor até quase se apagarem, a luz negra se expandiu até engolir a mim e a todos os outros por completo e ai um grito de puro medo saiu da minha garganta. Eu estava acordada e de volta ao meu quarto.

terça-feira, 12 de maio de 2015

Terríveis Segredos - Capitulo 22

Eu achei que teria problemas para entrar na neblina com minha gata no colo, mas foi totalmente pelo contrario, alguns passos antes de chegarmos ao portal que levava a escadaria Amy pulou dos meus braços e foi andando calmamente para a entrada. Essa gata era muito corajosa ou...
Andei pelos corredores seguindo minha gata e ao mesmo tempo torcendo para encontrar com meu melhor amigo Belenos.
Andamos por tudo até mesmo por corredores que eu nunca havia visto, até chegarmos a uma sala perfeitamente redonda com a decoração no mesmo estilo do resto da biblioteca as velas encantadas que nunca se derretem indicavam que Bel já havia passado por aqui. As paredes ao contrario do resto da biblioteca estavam cobertas por rabiscos que só depois percebi que eram as raízes de uma arvore enorme que estava desenhada no teto da sala, as mesmas raízes saiam da parede e encobriam todo o chão da sala deixando apenas um circulo perfeito livre. Nas bordas do circulo estavam desenhadas as fases da lua e na outra metade o sol aparecia sempre da mesma forma e tamanho. Depois de um tempo admirando os detalhes da pintura percebi que minha gata já não estava mais do meu lado e que estava voltando para o caminho de onde viemos.
Quando a alcancei ela estava aranhando um suporte para livros como se me pedisse para pegar o objeto. Retirei o livro do suporte e sentei em uma cadeira para ver do que ele se tratava, mas suas paginas estavam em branco. Eu sentia que havia algo de errado, mas não tinha nada nas paginas do livro.
-Esta em branco. Não tem nada aqui.
Nessa hora minha gata pulou em meu colo como se quisesse ver por si mesma, e foi como se ela ficasse desapontada por eu estar falando a verdade.
-Vem vamos para casa já esta tarde, mamãe e papei devem estar preocupados.
Saímos da biblioteca e deixamos para trás a sala das raízes as arvores dos deuses e tudo o que vimos nessa noite. Eu sabia o caminho de volta para casa e também sabia uma porção de coisas que estava louca para contar ao meu amigo Belenos e é claro para usar nas próximas aulas de magia.


Jonathan

O jantar com Margot e seu marido ainda não saiu da minha cabeça.
Eu sei que ela esta escondendo algo, mas ao mesmo tempo ela não tem poder suficiente para escapar do feitiço que usei durante toda a conversa, minha magia é mais forte que a dela. Por que ainda sinto que coisas escapam de mim por entre meus dedos? Eu sei que ela sabe onde Amélia se esconde, ela tem que saber, mas durante todo o jantar ela não falou nada. Nem se quer tocou no nome dela.
Talvez as paredes escuras desse escritório estejam afetando o meu raciocínio. Desde Victor essa casa tem uma energia pesada, eu não devia me incomodar já que é a mesma energia que a minha, mas ultimamente está sento exaustivo ficar nessa sala, desde o mais poderoso de todos os lideres do clã Magnetites, nunca nenhum outro líder foi tão poderoso quanto ele. E nenhum outro bruxo foi quase que sozinho a ruína de uma civilização inteira.Por mais poderoso que eu seja não chego nem perto do poder que meu antepassado direto chegou a ter. E desde que Alex voltou a ficar do meu lado após seu recesso por conta da morte de sua esposa ele vem me cobrando para ser mais agressivo com os humanos que são atraídos até a cidade, e isso esta tomando quase todo meu tempo, se não fosse pelos constantes rituais de energização que Alex tem feito para mim eu não teria forças para estar fora da cama há essa hora.
Já faz dez anos que assumi a liderança.  E há dezesseis anos Amélia desapareceu. Minha amada era doce, alegre, corajosa, animada... Com ela eu sei que sempre estaria pronto para lutar guerras sem nenhum descanso. Por que eu voltei a pensar nela? Porque seu rosto não sai da minha mente nessas ultimas semanas?
Eu preciso sair daqui, quem sabe um passeio na floresta refresque a minha mente.
A floresta talvez tenha sido uma má ideia, vir aqui me faz lembrar as noites em que me encontrava com Amélia escondidos de todos, até mesmo das criaturas que vivem aqui graças a um feitiço de ocultação que a própria Amélia criou. Este era o lugar onde nós nos entregávamos ao nosso amor na sua mais pura e verdadeira forma. Mas por que ela fugiu?  Por que desaparecer assim? Por que me deixar depois de todas as promessas que fizemos um ao outro, as mesmas que eu estava disposto a lutar para cumprir.
- Venha Amy, vamos para casa, papai e mamãe devem estar preocupados.
Essa voz parece... Não, não pode ser.
- Amy venha, eu não vou te pegar no colo.
Bem diante dos meus olhos apareceu uma garota de aproximadamente 16 anos, cabelos negros, pele clara, exatamente como... Não, não era ela, se parece tanto com ela. Mas é apenas uma garotinha.
Quando ela ergueu os olhos e me viu, seu olhar esverdeado, verde como uma esmeralda. Olhos tão familiares a mim. Olhos que se encheram de espanto.
- Desculpe-me não quis assustar.
 Ela se abaixou pegou a gata branca que se enroscava nas suas pernas.
-Não assustou.
O espanto que a um segundo estava nítido em seus olhos agora deu lugar a alguma coisa que eu não sabia o que era.
- Sou Jonathan Warboys.
- Kora Leibovits – Leibovits então essa é a filha que Margot não levou ao jantar dizendo que a garota estava estudando – Você é o líder dos Magnetites não é?
- Sim.
- Como pode deixar uma piranha como a Brigit ser sua sucessora?- Então isso era o que deu lugar ao medo. Desejo de fazer o correto.
- Se Dylan o irmão dela não tivesse aberto mão seria ele o líder.
- É estou sabendo. - Sua feição mudou como se tocar no nome do filho de Alex fosse delicado demais
- Que tipo de bruxa você é?
- Sou uma mestiça. – Não pode ser. Ela não tem como ser uma mestiça– Calma Amy nós já vamos.
A gata estava inquieta no colo de Kora, alguma coisa estava incomodando a felina de olhos cor de mel.
- Quer que eu te leve para casa?
- Não precisa.
- Faço questão.
Dentro do carro a gata não parou de me olhar, a energia que manava da garota ao meu lado é impressionante, isso era mais que o suficiente para saber que ela não é uma mestiça.
Os olhos cor de mel da gata me fuzilavam eu até podia esperar que a qualquer instante ela começasse a falar. Quando chegamos próximos ao bairro que Kora indicara ser o da sua casa toda a energia que saltava dela como pipoca em óleo quente simplesmente sumiu deixando apenas uma fina camada típica de mestiços. E só me sobraram três opções para explicar isso. Uma era a e que eu estava ficando louco e senti coisas que nem existe, a segunda era a de que a garota aprendeu a suprimir sua áurea durante o caminho até sua casa e a terceira e mais provável, alguém estava escondendo o poder dessa garota para que ninguém perceba tamanha força. E eu acho que sei quem está fazendo isso.
- Você sabe de que clã é?
- Não, essa informação foi omitida no meu processo de adoção.
A casa estava escura quando chegamos, terei que conversar com Margot outro dia.
- Bem, obrigado pela carona. – disse ela saindo do carro.
- Não foi nada.
- Nos vemos por ai.
A porta da frente se abriu e Margot saiu por ela indo direto até sua filha e depois seus olhos se encontraram com os meus. Era um olhar profundo que escondia medo, pesar e determinação. Acenei para Margot que apenas fechou a porta me deixando sozinho na rua. Antes de eu sair com o carro um brilho prateado chamou minha atenção. Era a gata me encarando do telhado da casa, seu pelo branco refletia a luz da lua cheia, eu sabia que devia falar com Margot sobre o poder escondido da menina e aplicar ainda mais força no meu feitiço para ela falar tudo o que sabe sobre Amélia, mas ao olhar para o brilho do pelo da gata esses planos foram se esvaindo da minha mente e tudo o que sobrou foi à inevitável volta ao meu quarto escuro.