terça-feira, 28 de julho de 2015

Terríveis segredos - capitulo 28

Depois de muito procurar, Bel encontrou uma estante inteira apenas com livros que falavam sobre a ligação com os elementos que os deuses ou a própria natureza concediam para alguns bruxos. Todos os seres vivos tinha algum elemento com o qual eram mais próximos, mas esses bruxos assim como os elementais tinham poderes aprimorados pelo seu elemento de ligação.
Lemos tanta coisa que estávamos quase desistindo de procurar por algo de mostrasse como controlar o poder da ligação. Até que finalmente eu encontrei um livro com exercícios e rituais para eu me familiarizar com o elemento.
-Como não pensei nisso antes! 
-Do que está falando Bel?
-Rituais de apresentação.
-E o que seriam esses rituais?
-Basicamente tem a mesma finalidade que os que estão descritos neste livro ai. Eles servem para te apresentar aos deuses no ultimo dia de escola. É quando teremos que assumir nosso papel defendendo nosso clã. Mas com essas diferenças aqui vai te apresentar ao elemento que você tem ligação ao invés de para os deuses. É como se com esses rituais você se tornasse parte da terra e a terra parte de você, colocando vocês em sintonia para depois você ser capaz de executar os exercícios de magia que tera terra te dando poder.
-E como fazemos esses rituais? Podemos começar agora?
-Precisamos encontrar algumas coisas, mas acho que poderíamos começar amanha mesmo.
-Do que precisamos?
-Deixa eu ver aqui. Bom, vamos precisar de uma vela vermelha, um cálice com agua de um espelho, um incenso de jasmim, e um cristal de ametista.
-Eu tenho uma ametista que meu pai me deu para usar com este colar.
-Acho que vamos precisar de algo maior. E sei onde conseguir tudo que precisamos.

Bel me levou até a loja de objetos mágicos onde meu pai comprou os cristais e o colar que eu usava.
-Ola Bel! Faz tempo que não vem comprar nada.
-Andei meio ocupado com umas pesquisas.
O olhar da mulher se voltou todo para mim.
-Vejo que tem uma amiga! E bem poderosa pelo que estou vendo.
-Como?...
-Eu sinto muitas coisas menina.
-Meu nome é Kora.
-E o meu é Karen, mas você já sabe quem sou! Está até usando um dos meus itens mais adoráveis.
-Sim! Meu pai me deu de presente junto com alguns cristais.
-Seu pai foi bem especifico quanto ao que ele procurava.
-Legal, mas não estamos aqui para falar de mim ou do meu colar, estamos com um pouco de presa e precisamos de algumas coisas e o Bel disse que encontraríamos aqui.
-Pois então digam o que procuram, veremos se posso ajudar.
-Eu e a Kora queremos fazer um ritual bem simples, que achamos em um livro, mas para isso ele precisa ser feito com a presença dos elementos.
-Rituais assim são muito bons para se sentir próximo do cosmo, mas podem ser muito perigosos.
-Nós sabemos, não faremos nada perigoso eu garanto.
-Eu acredito em vocês. Agora me digam vocês precisam de uma vela, um incenso, um cristal e um cálice. Acertei?
-Acertou. E como sabia?
-São itens obrigatórios digamos assim. Apenas os detalhes que mudam.
-Ata, entendi. Precisamos da vela vermelha, o incenso de jasmim, o cristal teria que ser uma ametista, e para cálice estava escrito que deveria ter água de um espelho, só que não entendemos muito bem essa parte.
-É simples, quando estava escrito espelho o escritor se referiu ao modo como um lago calmo reflete a paisagem como se fosse um espelho. E com isso acredito que esse ritual de vocês tenha mais uma finalidade de meditação do que de qualquer outra coisa.
Não respondemos, tanto eu quanto o Bel não queríamos expor nossos planos para ela.
-Não precisam falar se não quiserem. -Ela se virou e foi em direção a uma prateleira de onde tirou um frasco com um liquido transparente. - Este frasco contem um pouco da água tirada do lago Lyn, um bruxo de New York conseguiu algumas unidades em troca de um favor. E eu acho que isso vai servir bem para o que vocês querem. E ali atrás de vocês tem algumas ametistas acredito que do tamanho bom para esse ritual.
Demos meia volta para procurar o cristal que precisávamos.
-Olha só essa Bel. É linda.
Havia uma ametista do tamanho da palma da minha mão, o formato era de impressionar, era redonda com pontas saindo do centro por toda sua extensão, era como se raios saíssem do centro e que por algum motivo foram congelados.
-É lindo mesmo. Vamos levá-lo
-Quanto ficou tudo?
-Digamos que tudo foi um presente. Acredito que essa sua amiga tem um futuro brilhante, e toda a ajuda que eu puder oferecer não será nada comparado ao que ela poderá fazer.
-Muito obrigada eu acho! Então vamos Bel. – O puxei pelo braço, estava louca para sair da loja dessa mulher maluca, e muito ansiosa para começar o ritual.
-Ela é mesmo muito poderosa. Estava certo em se esconder nas sombras, mesmo sem saber controlar o poder ela seria capaz de senti-lo se não o tivesse feito.
-Eu sei Karen querida, e você fez um ótimo trabalho dando os materiais necessários para ela começar a ficar mais forte, a quarta anciã precisa dela o mais poderosa possível. E já está ficando no mínimo ansiosa para isso.

Terríveis segredos - capitulo 27

A primeira a quebrar o silencio foi a Professora Mey. 
-Senhorita Leibovitz acho que isso é uma novidade para a você tanto quanto para nós! Estou certa? 
-Sim professora. 
-Bom eu e o professor Steve teremos que avançar algumas aulas, mas nada que não possa dar conta. Sem contar que temos que levá-la para falar com o líder dos Amesthystus. Por mais que não saibamos o seu verdadeiro clã seus pais foram aceitos por Leonard Berwick. Então por enquanto ele deve te aconselhar. Mas receio que seja mais complicado que isso. 
-Como assim? 
-Isso fica para depois. Agora o mais importante é que sabemos o seu tipo de magia e suas aulas ficaram mais praticas. Vá para casa. Irei ligar para seus pais e falar com eles sobre isso. 
-Por que tem que ligar para eles? 
-Fique calma Kora! Só precisamos conversar, não é nada de mais. 
Seus lábios diziam era tudo simples, mas de seus olhos eu via que era bem mais complicado do que ela estava tentado fazer parecer. 
Quando eu estava me virando para pegar minhas coisas e ir para casa Abygail gritou o nome da professora. 
-O que está acontecendo? 
-As esferas de luz não querem se apagar. Eu e Conor tentamos fazer como a professora nos ensinou, mas elas enlouqueceram e estão voando por toda a sala.
-A sim claro darei um jeito nisso. 
Segui a professora para vê-la resolver o problema, mas depois de alguns minutos sem nada acontecer ela se voltou para mim. 
-Receio que eu não possa apagá-las. 
-E porque não? 
A voz de Belenos respondeu minha pergunta. 
-Porque foi você quem as criou.
- E porque eu não sou forte o suficiente para suprimir o poder dessa pobre garota. 
A segunda parte do que ela disse saiu como um sussurro, tão baixo que eu mal pude ouvir. 
-O que foi que disse professora? Eu não entendi? 
-Nada! Eu só estava pensando alto. Agora que tal você resolver isso para mim? Assim como aconteceu com Abygail e Conor se eu tentar conte-las creio que ficaram ainda mais descontroladas.
Eu queria fazer o que a professora me disse, mas achei que seria errado tamanha beleza apenas se apagar. 
Estendi minha mão direita e todas as esferas flutuaram até mim, se juntando em apenas uma enorme bola de luz. Novamente eu não me importava que estivesse rodeada de pessoas. Eu apenas fiz. 
A esfera se expandiu por toda a sala engolindo a todos, para logo em seguida retroceder até ficar do tamanho de uma semente, que foi em direção ao solo bem no centro da sala, até que atravessou o piso sumindo de nossas vistas. 
-Wooowww! Isso foi muito legal. 
-A senhorita está nos surpreendido. 
-Na verdade não sei bem o que eu acabei de fazer. 
-As ligações com elementos são muito fortes, o poder que elas dão precisa ser controlado. Se não toda vez que esse poder se manifestar você perdera o controle dos seus atos. Não quero te assustar querida, mas teve sorte que nada pior do que acabamos de ver não aconteceu. Mas isso você vai aprender. E mais rápido do que imagina. 
Eu realmente esperava que sim. Eu sei que seria ótimo usar o poder, mas também sei que pode ser perigoso não saber o que se está fazendo. 
-Espero que aprenda rápido. 
-Vai sim amiga! Você é muito forte. 
-Forte até demais. 
E novamente escutei um sussurro vindo da professora, tão baixo que nem pude ouvir. 

- Amiga isso foi demais.
A senhora Mey nos mandou para casa, mas não nos falou que não poderíamos pegar um atalho. E era isso que estávamos fazendo. 
- Foi não é? Queria que a piranha me visse naquela hora, aposto que ela ficaria descontrolada. 
- Falando nisso, você precisa treinar para a celebração, imagine você surpreendendo ate os lideres dos clãs, e amiga pode apostar comigo você vai. 
- E como eu vou treinar? 
- É por isso que estamos indo a biblioteca, tenho certeza que lá tem um livro que te explique como se controlar e te ensine tudo o que deve aprender, esse é o nosso objetivo hoje e vamos conseguir. 
A lembrança de uma frase que a muitos tinha esquecido e que agora me deu uma pitada de medo disparou em minha mente.
"Ele conhecera o caminho para as palavras de seu destino" 
Isso é bom ou ruim? Será que existe um livro falando do que eu farei? E se eu não gostar do que está escrito? 
Pensando nisso e em muito mais nem percebi quando chegamos à entrada da biblioteca, mas uma voz me fez parar, eu não consegui descobrir se era feminina ou masculina, ela falava somente comigo, respondendo uma das minhas perguntas internas. 
 “Você ira gostar muito do que o seu destino te reserva criança prometida, apenas me liberte e eu te mostrarei como" 
Meu intimo ficou dividido por essas palavras, dividido porque queria acreditar nelas, Mas o pior de tudo é que eu me lembrava dessa voz, fria e sem vida. Era a mesma voz que falou comigo em meu pesadelo enquanto matava as pessoas que amo para me tornar mais forte. Como eu poderia me sentir atraída por promessas que me tornariam um monstro?
Um miado me tirou do transe. 
-Amy vem gatinha, vem. 
Com a gata no colo, senti minha confiança redobrada, minhas incertezas desapareceram e desse jeito entrei na biblioteca pensando somente no livro que me tornaria capaz de surpreender a todos na festa da colheita. E sentia que a noite de Samhain seria memorável.

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Terriveis Segredos - Capitulo 26

Acordei muito mais disposta do que de costume, muito mais confiante e preparada seja para qual for os acontecimentos que me aguardam não apenas hoje, mas nos próximos dias. 
Depois do banho decido que não preciso mais do ônix para me proteger e resolvo colocar uma linda pedra da lua que refletia a luz em varias cores. Era realmente linda apesar de pequena. 
Minha mãe estava muito bem essa manha. Não me encheu de perguntas nem me fez prometer coisas sobre me comportar na escola, muito pelo contrario. Eu via em seus olhos que ela confiava em mim e em minhas escolhas. 
Meu pai já havia ido para seu emprego de escrivão que agora eu sabia que era na casa da família do meu melhor amigo Belenos e que nesse momento ele devia estar escrevendo feitiços ou alguma poção que os bruxos criavam entre suas pesquisas e reflexões.
Fui para escola acompanhada da minha parceira de caminho Amy. E assim que eu entrei na escola, assim como das outras vezes, ela se perdeu da minha vista entre as arvores da floresta. A vontade que tive era de correr para o meio da mata e sentir a terra em meus pés e toda aquela magia e poder que senti ontem à noite quando descobri que tenho uma ligação com a terra, mas eu tenho que entrar e me concentrar nas aulas, então me virei e fui em direção a sala da primeira aula. 
Tudo correu bem durante o dia todo. A piranha e seu irmão não apareceram para nenhuma de nossas aulas em comum, assim como o Matt que também não apareceu. 
- Ei Bel onde estão os irmãos do mal e o Matt? 
-Ah! Eles devem estar se preparando! 
-Para? 
-Oh! Verdade você não conhece as festividades não é. Está chegando uma festividade que se chama Samhain. È a festa de final de colheita. 
-E o que eles têm a ver com isso? 
-Bom! Eles são os futuros lideres, o Dylan como mais velho tem que participar por mais que ele tenha recusado a posição, afinal a recusa dele ainda não é oficial. 
-Estranho imaginar o Dylan aceitando participar disso tudo. 
-Nem ele pode fugir disso Kora. Todos participam da celebração, menos os humanos. 
-“Porque eles não se controlariam no meio de tanta magia.” 
-Isso mesmo. Como você sabe disso? 
-Ontem eu e minha mãe fizemos uma poção e ela me explicou porque meu pai estava no quarto ao invés de se juntar a mim e a ela. 
-Serio?Me conta tudo! Para que era a poção?Como foi? O que você sentiu? 
-Hahah calma ai pessoinha! São muitas perguntas de uma só vez! 
-A! Me desculpa. É que eu lei muito sobre feitiços, poções e maldiçoes! Mas eu nunca fiz nada maior do que velas que não derretem. 
-Não faz por que não quer! Você é muito talentoso. E conhecimento é muito poderoso. 
-Mas não é a mesma coisa. 
-Bom! Se você quer saber, foi muito legal. Não sei muito bem para que serviu a poção mas! Foi uma delicia. 
- Como assim você não sabe? 
-Não sabendo! Acho que a minha mãe só quis fazer algo junto comigo. Acho que ela está com medo de eu estar com dificuldades de aceitar esse mundo novo. 
-E você está? 
-Estava! Mas ontem aconteceram algumas coisas que me fizeram mudar! 
-Que coisas?- Bel estava muito curioso e eu ia deixar ele ainda mais. Me levantei de onde estávamos comendo nossos lanches e comecei a andar bem de vagar. 
-Uma delas é que ontem fui a floresta ver se te encontrava na biblioteca, quando não te achei...-Por mais que eu adore meu novo amigo achei que não devia contar sobre as criaturas que vi na floresta com medo de que parecesse que estava me achando pra cima dele.-...Quando não te achei decidi voltar para casa, e no caminho trombei com Victor Warboys. 
-O que? 
-E tem mais! Falei da idiotice de colocar a Brigit como líder! 
-Você o que?! 
Dei de ombros. 
-Falei mesmo. E depois ele me deu uma carona até em casa. Acho até que vai considerar minha idéia de jogar ela em um abismo! 
-Você é impagável garota. 
-E tem mais uma novidade. Mas essa só na aula de magia. 
Comecei a andar deixando meu amigo para trás, com um ponto de interrogação estampado na cara. 
- O que? Tem mais? Pode parar ai garota!
Na aula de magia com a professora Mey, ela iria dar mais uma aula de como criar esferas de luz. Na pratica fui muito ruim! A professora nos deu duas alternativas de manipularmos a luz. A primeira, aquela que metade da turma usou, foi a de criar luz com sua própria energia. O que resultou em um festival de cores da parte dos alunos que eram  Amesthystus. 
Já os alunos que eram Magnetites, segundo a professora não podiam criar luz com sua energia por conta do tipo de magia que eles possuíam, então eles usaram a segunda maneira que era tomar a luz de um objeto sem vida como velas e lâmpadas e torná-las esferas. Por mais que eu estivesse familiarizada com a magia depois de ontem à noite, usar minha magia dessa forma tão indistinta da terra era difícil, então usei minha vontade e visualização e utilizei a segunda opção. 
Percebi olhares da professora e de alguns alunos. Eram olhares de acusação e descrença. Não porque não acreditavam que eu estava fazendo magia. Era algo mais profundo. Mais sombrio. E então eu olhei para a janela e vi os olhos de Dylan me encarando. Um simples olhar foi capaz de me deixar nervosa. Nervosa por ele estar me olhando, nervosa pelas expressões nos rostos dos meus colegas de sala e da professora, tão nervosa que quase deixei a esfera de luz se apagar em minhas mãos, porem como um botão de flor minha confiança desabrochou, e eu voltei a ser a garota de hoje de manha, confiante, certa do que faz e que não precisa de autorização de ninguém para ser ela mesma. Com isso foi como se ele não estivesse ali. Nem ele e nem ninguém. 
Nessa hora senti a vida de todas as plantas ao meu redor, senti a terra em baixo da escola, o perfume da flor na mesa, o cheiro silvestre de algum aluno no fundo da sala proveniente de uma essência de jasmim e salvia feita artesanalmente e ate mesmo o cheiro de terra molhada grudada no sapato do Dylan. 
Foi engraçado saber dessas coisas e sentir como se estivesse sozinha nessa sala enorme. 
Enquanto sentia tudo isso a esfera que eu estava segurando mudou de amarela para verde, um verde tão profundo quanto o dos meus olhos, em segundos não era apenas uma esfera, eram varias. Era uma delicia sentir toda aquela energia, era como se a terra tivesse me engolido, como se as raízes de varias arvores me envolvessem, e eu sabia que tudo isso estava ligado a mim. Ou melhor, eu estava ligada a tudo isso.
Mas com um simples toque, Belenos me acordou desse sonho, e eu voltei à realidade, a primeira coisa que vi foi o sorriso de orgulho nos lábios do Dylan, e com uma piscadela ele se virou e saiu correndo. Com isso pude explorar a sala ao meu redor e ver que todos que estavam a minha volta me encaravam ao mesmo tempo em que olhavam para todas as esferas de luz verde que me rodeavam. A única pessoa que não parecia estar espantado era o Bel, na verdade dele se irradiava de puro orgulho e a certeza de que eu não era uma mestiça. E a professora estava tão calma, com uma expressão de preocupação, que assim que me notou a olhando forçou uma expressão frigida.
Não pretendia expor minha ligação pára todos, mas acho que agora não terei como esconder isso. Pensar no assunto foi assustador e revigorante, estava assustada porque esse era um passo incerto, ainda não tive tempo de calcular as conseqüências, mas era revigorante porque eu não irei me esconder, serei eu mesma, em um mundo totalmente novo, mas que também é o meu mundo, e que agora eu não era mais um garota fraca. Se prepare Breuapre Kora Leibovitz esta na área.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Terríveis segredos - Capitulo 25

- Mãe o que faremos agora?

- O que você acha de nós duas tomarmos um chá enquanto eu conto uma historia?- Em seguida me dirigiu um sorriso daqueles que por trás se escondem vários segredos. E eu não fui capaz de esconder o animo que estava tomando conta de mim.

- Sim mãe, eu adoraria tomar um chá, enquanto a senhora me diz quando foi que fez essa tatuagem!

- Eu não fiz, eu recebi.

- Como assim? Como um presente? Ou como se em uma manha ensolarada ela apareceu do nada?

- Um pouco das duas coisas

- Isso é impossível. ­- Eu já devia ter parado de usar essa palavra, mas eu ainda conseguia ficar surpresa com as coisas que acontecem nesse novo mundo que agora também era meu.

- impossível é você dizer que é impossível Kora!

Seria mesmo possível? Os ensinamentos do espírito me vieram naquele momento, seres não amigos do sol controlando magia, extraterrestres, caçadores com sangue celeste, meio humanos com mães e pais divinos. Sim claro que é possível, se eu que passei a vida crendo ser uma pessoa como todas as outras nesse planeta e agora sei q sou uma mestiça capaz de controlar a terra. Então seria tão surreal aparecer uma tatuagem nas costas da minha mãe?

- Sim, é possível, agora me conte como.

- Antes de você nascer, eu me casei com o seu pai e fui banida do meu clã, sem abrigo e proteção, eu pedi ajuda a deusa.Aquele ritual que fizemos foi parecido com o que usei na noite  em que pedi para ela me tornar sabia nas escolhas que iria fazer, que mesmo com minhas raízes na escuridão da magia corrompida, meus galhos e folhas fossem ao encontro do céu em direção a luz da lua, que transforma a escuridão transponivel. Como resposta essa tatuagem apareceu.

- Uau.

- Incrível não é.
Não sei se foi o barulho da chaleira apitando, ou a historia que a minha mãe tinha acabado de contar, eu só sei que algo em mim despertou me impulsionando em direção a chaleira para por a esfera laranjada que estava em minha mão na água, palavras fluíam da minha boca tão rápido que eu não conseguia registrar, a cada palavra dita a esfera se diluía na água, tornando a água cada vez mais alaranjada. Quando as palavras pararam não havia mais esfera, só havia o chá e um ponto de interrogação na cara da minha mãe.

- O que? Vai querer?

- Sinceramente?

- Claro.

- Não faço idéia o que foi que você fez. E só tem um jeito de saber. Traga aqui. Vamos beber.

Ela disse com tanta convicção que não a contrariei, mas durante os três passos ate a mesa eu me perguntei se tinha feito o certo. Eu sabia que esses surtos eram devido aos conhecimentos que ganhei durante as visitas do espírito em meus sonhos. Ele mesmo me disse que iria me ajudar para recuperar o conhecimento que já devia ser meu se não tivesse vivido como humana até meus dezesseis anos

As duas xícaras já estavam na mesa e no rosto da minha mãe eu conseguia ver puro orgulho!

Ela tomou o primeiro gole, e foi como se um vento muito forte soprasse em seu rosto fazendo com que seus cabelos se agitassem. Um sorriso se espalhou pelo seu rosto.

Era minha vez de provar. Assim que o liquido desceu pela minha garganta a mesma coisa aconteceu. Uma brisa fez meus cabelos dançarem e ao contrario do que foi com minha mãe essa brisa durou por muito mais tempo. - Não pude esconder o sorriso e o prazer que estava sentindo.

-Parabéns Kora! Você acaba de usar sua primeira poção!

- O que aconteceu?

- Somente a deusa sabe...