terça-feira, 12 de maio de 2015

Terríveis Segredos - Capitulo 22

Eu achei que teria problemas para entrar na neblina com minha gata no colo, mas foi totalmente pelo contrario, alguns passos antes de chegarmos ao portal que levava a escadaria Amy pulou dos meus braços e foi andando calmamente para a entrada. Essa gata era muito corajosa ou...
Andei pelos corredores seguindo minha gata e ao mesmo tempo torcendo para encontrar com meu melhor amigo Belenos.
Andamos por tudo até mesmo por corredores que eu nunca havia visto, até chegarmos a uma sala perfeitamente redonda com a decoração no mesmo estilo do resto da biblioteca as velas encantadas que nunca se derretem indicavam que Bel já havia passado por aqui. As paredes ao contrario do resto da biblioteca estavam cobertas por rabiscos que só depois percebi que eram as raízes de uma arvore enorme que estava desenhada no teto da sala, as mesmas raízes saiam da parede e encobriam todo o chão da sala deixando apenas um circulo perfeito livre. Nas bordas do circulo estavam desenhadas as fases da lua e na outra metade o sol aparecia sempre da mesma forma e tamanho. Depois de um tempo admirando os detalhes da pintura percebi que minha gata já não estava mais do meu lado e que estava voltando para o caminho de onde viemos.
Quando a alcancei ela estava aranhando um suporte para livros como se me pedisse para pegar o objeto. Retirei o livro do suporte e sentei em uma cadeira para ver do que ele se tratava, mas suas paginas estavam em branco. Eu sentia que havia algo de errado, mas não tinha nada nas paginas do livro.
-Esta em branco. Não tem nada aqui.
Nessa hora minha gata pulou em meu colo como se quisesse ver por si mesma, e foi como se ela ficasse desapontada por eu estar falando a verdade.
-Vem vamos para casa já esta tarde, mamãe e papei devem estar preocupados.
Saímos da biblioteca e deixamos para trás a sala das raízes as arvores dos deuses e tudo o que vimos nessa noite. Eu sabia o caminho de volta para casa e também sabia uma porção de coisas que estava louca para contar ao meu amigo Belenos e é claro para usar nas próximas aulas de magia.


Jonathan

O jantar com Margot e seu marido ainda não saiu da minha cabeça.
Eu sei que ela esta escondendo algo, mas ao mesmo tempo ela não tem poder suficiente para escapar do feitiço que usei durante toda a conversa, minha magia é mais forte que a dela. Por que ainda sinto que coisas escapam de mim por entre meus dedos? Eu sei que ela sabe onde Amélia se esconde, ela tem que saber, mas durante todo o jantar ela não falou nada. Nem se quer tocou no nome dela.
Talvez as paredes escuras desse escritório estejam afetando o meu raciocínio. Desde Victor essa casa tem uma energia pesada, eu não devia me incomodar já que é a mesma energia que a minha, mas ultimamente está sento exaustivo ficar nessa sala, desde o mais poderoso de todos os lideres do clã Magnetites, nunca nenhum outro líder foi tão poderoso quanto ele. E nenhum outro bruxo foi quase que sozinho a ruína de uma civilização inteira.Por mais poderoso que eu seja não chego nem perto do poder que meu antepassado direto chegou a ter. E desde que Alex voltou a ficar do meu lado após seu recesso por conta da morte de sua esposa ele vem me cobrando para ser mais agressivo com os humanos que são atraídos até a cidade, e isso esta tomando quase todo meu tempo, se não fosse pelos constantes rituais de energização que Alex tem feito para mim eu não teria forças para estar fora da cama há essa hora.
Já faz dez anos que assumi a liderança.  E há dezesseis anos Amélia desapareceu. Minha amada era doce, alegre, corajosa, animada... Com ela eu sei que sempre estaria pronto para lutar guerras sem nenhum descanso. Por que eu voltei a pensar nela? Porque seu rosto não sai da minha mente nessas ultimas semanas?
Eu preciso sair daqui, quem sabe um passeio na floresta refresque a minha mente.
A floresta talvez tenha sido uma má ideia, vir aqui me faz lembrar as noites em que me encontrava com Amélia escondidos de todos, até mesmo das criaturas que vivem aqui graças a um feitiço de ocultação que a própria Amélia criou. Este era o lugar onde nós nos entregávamos ao nosso amor na sua mais pura e verdadeira forma. Mas por que ela fugiu?  Por que desaparecer assim? Por que me deixar depois de todas as promessas que fizemos um ao outro, as mesmas que eu estava disposto a lutar para cumprir.
- Venha Amy, vamos para casa, papai e mamãe devem estar preocupados.
Essa voz parece... Não, não pode ser.
- Amy venha, eu não vou te pegar no colo.
Bem diante dos meus olhos apareceu uma garota de aproximadamente 16 anos, cabelos negros, pele clara, exatamente como... Não, não era ela, se parece tanto com ela. Mas é apenas uma garotinha.
Quando ela ergueu os olhos e me viu, seu olhar esverdeado, verde como uma esmeralda. Olhos tão familiares a mim. Olhos que se encheram de espanto.
- Desculpe-me não quis assustar.
 Ela se abaixou pegou a gata branca que se enroscava nas suas pernas.
-Não assustou.
O espanto que a um segundo estava nítido em seus olhos agora deu lugar a alguma coisa que eu não sabia o que era.
- Sou Jonathan Warboys.
- Kora Leibovits – Leibovits então essa é a filha que Margot não levou ao jantar dizendo que a garota estava estudando – Você é o líder dos Magnetites não é?
- Sim.
- Como pode deixar uma piranha como a Brigit ser sua sucessora?- Então isso era o que deu lugar ao medo. Desejo de fazer o correto.
- Se Dylan o irmão dela não tivesse aberto mão seria ele o líder.
- É estou sabendo. - Sua feição mudou como se tocar no nome do filho de Alex fosse delicado demais
- Que tipo de bruxa você é?
- Sou uma mestiça. – Não pode ser. Ela não tem como ser uma mestiça– Calma Amy nós já vamos.
A gata estava inquieta no colo de Kora, alguma coisa estava incomodando a felina de olhos cor de mel.
- Quer que eu te leve para casa?
- Não precisa.
- Faço questão.
Dentro do carro a gata não parou de me olhar, a energia que manava da garota ao meu lado é impressionante, isso era mais que o suficiente para saber que ela não é uma mestiça.
Os olhos cor de mel da gata me fuzilavam eu até podia esperar que a qualquer instante ela começasse a falar. Quando chegamos próximos ao bairro que Kora indicara ser o da sua casa toda a energia que saltava dela como pipoca em óleo quente simplesmente sumiu deixando apenas uma fina camada típica de mestiços. E só me sobraram três opções para explicar isso. Uma era a e que eu estava ficando louco e senti coisas que nem existe, a segunda era a de que a garota aprendeu a suprimir sua áurea durante o caminho até sua casa e a terceira e mais provável, alguém estava escondendo o poder dessa garota para que ninguém perceba tamanha força. E eu acho que sei quem está fazendo isso.
- Você sabe de que clã é?
- Não, essa informação foi omitida no meu processo de adoção.
A casa estava escura quando chegamos, terei que conversar com Margot outro dia.
- Bem, obrigado pela carona. – disse ela saindo do carro.
- Não foi nada.
- Nos vemos por ai.
A porta da frente se abriu e Margot saiu por ela indo direto até sua filha e depois seus olhos se encontraram com os meus. Era um olhar profundo que escondia medo, pesar e determinação. Acenei para Margot que apenas fechou a porta me deixando sozinho na rua. Antes de eu sair com o carro um brilho prateado chamou minha atenção. Era a gata me encarando do telhado da casa, seu pelo branco refletia a luz da lua cheia, eu sabia que devia falar com Margot sobre o poder escondido da menina e aplicar ainda mais força no meu feitiço para ela falar tudo o que sabe sobre Amélia, mas ao olhar para o brilho do pelo da gata esses planos foram se esvaindo da minha mente e tudo o que sobrou foi à inevitável volta ao meu quarto escuro.


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