Futuro.
Sinto-me insegura
toda vez que imagino qual será o meu futuro agora.
A historia que eu
estava traçando deveria levar a outro caminho. Deveria me levar a uma faculdade
na capital e não a um vilarejo na província de Quebec.
Eu tinha ótimas
notas, um namorado de fazer queixos caírem, amigos leais. Você sabe o quão
difícil é conseguir todas essas coisas?
E aqui estou eu
desistindo de tudo. Desistindo da minha vida e da minha cidade. Desistindo do
amor dos meus amigos e do meu amado. Desistindo para ir morar em Beaupre.
Eu nasci nesse
vilarejo, meus pais também, só que eles se mudaram para Toronto quando os
papéis da minha adoção já estavam assinados, quando eu tinha três meses. Nos
nunca sequer falamos sobre esse lugar ou sobre a nossa família. E agora estamos
indo para morar.
Meu pai disse que
fará melhor para todos nos um pouco de sossego de uma cidade pequena. Para ser
mais especifica para mim e meus sonhos loucos. Pesadelos que começaram a
ocorrer a uma semana. Esse fato foi como um despertar para o meu pai que
começou a falar de vir para essa "cidade".
Espero que seja verdade
por que senão terá sido uma viagem em vão.
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Eu me perguntava
se seria mesmo uma viagem em vão e ate agora esta sendo.
Duas horas. Foi
tudo o que eu dormi. Mesmo tomando remédios para insônia isso foi tudo o que eu
consegui e agradeço por ter sido só isso eu não aguentaria nem mais um segundo
la.
Homens e mulheres
com asas, olhando em seus olhos era fácil perceber quem era anjo e quem era demônio,
estavam em lados opostos, sua postura deixava bem claro que eles apenas
esperavam ordens de seus superiores para atacar.
Atrás desses
estavam bestas horríveis que nunca tinha visto na vida. Seus dentes, suas
garras, sua pele arrepiaram até o mais íntimo da minha alma. Eles esperavam
ansiosos para atacar, arrancar um braço ou uma perna do exército oposto ou até
mesmo matar uma besta inimiga.
O céu estava
vermelho sangue, não havia sol, lua, nuvens ou estrelas, parecia que estavam se
escondendo temendo o resultado desta guerra. Em baixo dos meus pés via-se os
vestígios de outra batalha, uma cidade completamente devastada, grandes
arranha-céus reduzidos a uma pilha de sucata, carros amassados, vestígios de
corpos humanos olhar aquilo fez meu estômago revirar.
E eu? Onde eu
estava? Eu estava no meio daquela batalha, estava lá paralisada, parecia colada
ao chão e meus membros não obedeciam meus comandos, enquanto observava ao meu
redor não percebi que ambos os lados se moviam, quando percebe tentei gritar,
mas a voz também não saia, tudo o que me restou foi fechar os olhos, nesse
instante acordei ofegante. Durante uma hora e meia fiquei repetindo para mim
mesma que tudo não se passava de um pesadelo.
Ainda são três
horas da manha, daqui a cinco horas terei que estar na escola para a aula, mas
se eu não dormir estarei parecendo um zumbi. Primeiro dia de aula na cidade
nova isso era tudo o que eu queria.
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Acordo com minha
mãe me chamando o que significava que eu tinha perdido hora, mas a alegria que
sinto é tão intensa que me esqueço da aula, há um mês não consigo dormir
direito por causa desses sonhos e hoje dormi 4 horas depois do pesadelo sem ter
um novo...
Olho o relógio de
novo e o que eu tinha esquecido veio átona: a aula levanto da cama com um pulo,
a alegria deu lugar ao desespero, pois em uma hora a aula irá começar o
primeiro dia de aula.
Corro para o
banheiro para um banho caprichado, saindo do banho 20 minutos tinham se passado
(preciosos 20 minutos) corro de volta para o meu quarto, dessa vez me a trevo a
olhar no espelho, meu cabelo preto sedoso estava brilhante, na minha boca se
via um sorriso deslumbrante, mas o melhor de mim se via nos meus olhos, o verde
brilhava como esmeraldas, olhando assim de longe dava para ver o quando se
destacam em contraste com a minha pele branca.
Olhando o meu
reflexo não consigo me livrar da estranha sensação de que algo em mim não esta
como antes de me mudar, chegando mais perto, ainda olhando meus olhos, uma
sombra passou pelo meu olho esquerdo rapidamente, mais rápido ainda foi a
mudança de cenário.
Num piscar de
olhos meu quarto se transformou na terra devastada do meu sonho, como se
estivesse em pausa, este pesadelo acordado, continuou da onde tinha parado
quando acordei, os anjos e os demônios estavam mais perto, os passos das bestas
faziam toda a terra tremer, me desequilibrando, meu coração estavam tão
acelerado que eu ouvia-o entoar em meus tímpanos, minha mente estava a mil, um
grito escapou da minha garganta quando ambos os exércitos sacarem suas espadas,
eu não sabia para onde ir nem o que fazer, quando os exércitos estavam prestes
a me esmagar, meu campo de visão mudou, na verdade não foi o campo que mudou,
mas sim o angulo em que eu via tudo aquilo, eu estava vendo tudo àquilo de
ponta cabeça e estava vendo tudo por cima.
A visão que tive
não era uma das melhores, mas me fascinava. O som provocado pelo encontro das
espadas, o sangue dourado e o negro como petróleo que emanava dos exércitos, a
batalha que as bestas travavam aparte, ao mesmo tempo em que aquilo me
provocava arrepios, me fazia querer entrar no meio daquela guerra, desmembrando
meu oponente, vendo seu sangue escorrer da ferida que causei...
Fui despertada com
um grito, dessa vez realmente meu campo de visão tinha mudado, eu tinha voltado
para o meu quarto, só que o angulo em que eu via tudo era o mesmo eu sentia o
teto do meu quarto debaixo das minhas mãos e pés, meus olhos se voltaram para o
espelho eu estava la nua agarrada ao teto, mas o que mais chamou a minha
atenção foram meus olhos, meu olho esquerdo estava tão negro quanto o sangue
dos demônios que fluíam no meu sonho, eu olho direito tão branco quanto às
nuvens num dia de sol.
Eu precisava ver
aquilo mais de perto, precisava me ver mais de perto, com esse pensamento meu
corpo se impulsionou para baixo, caído na mesma posição que me encontrava, num
movimento gracioso, que nunca imaginei ser capaz de fazer, eu fiquei de pé e
caminhei ate o espelho.
Os gritos da minha
mãe, os passos do meu pai subindo as escadas e ate mesmo a minha nudez ficaram
em segundo plano, a única coisa em que eu conseguia prestar atenção era nos
meus olhos, eu só tinha uma única explicação para tudo aquilo eu estava
sonhando, aquilo não era real, porque se fosse o que estava acontecendo
comigo?
Meus olhos, aos
poucos, voltaram ao normal, definitivamente ou eu estava sonhando, ou eu tinha
enlouquecido isso não podia ter acontecido, aquilo era humanamente impossível.
No meio desses pensamentos uma dor como agulhas perfurando meu cérebro me
arrancou os sentidos, fazendo-me desmaiar.
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