terça-feira, 14 de abril de 2015

Terríveis Segredos - Capitulo 1

Futuro.
  Sinto-me insegura toda vez que imagino qual será o meu futuro agora.
  A historia que eu estava traçando deveria levar a outro caminho. Deveria me levar a uma faculdade na capital e não a um vilarejo na província de Quebec.
  Eu tinha ótimas notas, um namorado de fazer queixos caírem, amigos leais. Você sabe o quão difícil é conseguir todas essas coisas?
  E aqui estou eu desistindo de tudo. Desistindo da minha vida e da minha cidade. Desistindo do amor dos meus amigos e do meu amado. Desistindo para ir morar em Beaupre.
  Eu nasci nesse vilarejo, meus pais também, só que eles se mudaram para Toronto quando os papéis da minha adoção já estavam assinados, quando eu tinha três meses. Nos nunca sequer falamos sobre esse lugar ou sobre a nossa família. E agora estamos indo para morar.
  Meu pai disse que fará melhor para todos nos um pouco de sossego de uma cidade pequena. Para ser mais especifica para mim e meus sonhos loucos. Pesadelos que começaram a ocorrer a uma semana. Esse fato foi como um despertar para o meu pai que começou a falar de vir para essa "cidade".
Espero que seja verdade por que senão terá sido uma viagem em vão.

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  Eu me perguntava se seria mesmo uma viagem em vão e ate agora esta sendo.
  Duas horas. Foi tudo o que eu dormi. Mesmo tomando remédios para insônia isso foi tudo o que eu consegui e agradeço por ter sido só isso eu não aguentaria nem mais um segundo la.
  Homens e mulheres com asas, olhando em seus olhos era fácil perceber quem era anjo e quem era demônio, estavam em lados opostos, sua postura deixava bem claro que eles apenas esperavam ordens de seus superiores para atacar. 
  Atrás desses estavam bestas horríveis que nunca tinha visto na vida. Seus dentes, suas garras, sua pele arrepiaram até o mais íntimo da minha alma. Eles esperavam ansiosos para atacar, arrancar um braço ou uma perna do exército oposto ou até mesmo matar uma besta inimiga. 
 O céu estava vermelho sangue, não havia sol, lua, nuvens ou estrelas, parecia que estavam se escondendo temendo o resultado desta guerra. Em baixo dos meus pés via-se os vestígios de outra batalha, uma cidade completamente devastada, grandes arranha-céus reduzidos a uma pilha de sucata, carros amassados, vestígios de corpos humanos olhar aquilo fez meu estômago revirar. 
  E eu? Onde eu estava? Eu estava no meio daquela batalha, estava lá paralisada, parecia colada ao chão e meus membros não obedeciam meus comandos, enquanto observava ao meu redor não percebi que ambos os lados se moviam, quando percebe tentei gritar, mas a voz também não saia, tudo o que me restou foi fechar os olhos, nesse instante acordei ofegante. Durante uma hora e meia fiquei repetindo para mim mesma que tudo não se passava de um pesadelo.
  Ainda são três horas da manha, daqui a cinco horas terei que estar na escola para a aula, mas se eu não dormir estarei parecendo um zumbi. Primeiro dia de aula na cidade nova isso era tudo o que eu queria. 

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  Acordo com minha mãe me chamando o que significava que eu tinha perdido hora, mas a alegria que sinto é tão intensa que me esqueço da aula, há um mês não consigo dormir direito por causa desses sonhos e hoje dormi 4 horas depois do pesadelo sem ter um novo...
  Olho o relógio de novo e o que eu tinha esquecido veio átona: a aula levanto da cama com um pulo, a alegria deu lugar ao desespero, pois em uma hora a aula irá começar o primeiro dia de aula. 
  Corro para o banheiro para um banho caprichado, saindo do banho 20 minutos tinham se passado (preciosos 20 minutos) corro de volta para o meu quarto, dessa vez me a trevo a olhar no espelho, meu cabelo preto sedoso estava brilhante, na minha boca se via um sorriso deslumbrante, mas o melhor de mim se via nos meus olhos, o verde brilhava como esmeraldas, olhando assim de longe dava para ver o quando se destacam em contraste com a minha pele branca.
  Olhando o meu reflexo não consigo me livrar da estranha sensação de que algo em mim não esta como antes de me mudar, chegando mais perto, ainda olhando meus olhos, uma sombra passou pelo meu olho esquerdo rapidamente, mais rápido ainda foi a mudança de cenário. 
  Num piscar de olhos meu quarto se transformou na terra devastada do meu sonho, como se estivesse em pausa, este pesadelo acordado, continuou da onde tinha parado quando acordei, os anjos e os demônios estavam mais perto, os passos das bestas faziam toda a terra tremer, me desequilibrando, meu coração estavam tão acelerado que eu ouvia-o entoar em meus tímpanos, minha mente estava a mil, um grito escapou da minha garganta quando ambos os exércitos sacarem suas espadas, eu não sabia para onde ir nem o que fazer, quando os exércitos estavam prestes a me esmagar, meu campo de visão mudou, na verdade não foi o campo que mudou, mas sim o angulo em que eu via tudo aquilo, eu estava vendo tudo àquilo de ponta cabeça e estava vendo tudo por cima. 
  A visão que tive não era uma das melhores, mas me fascinava. O som provocado pelo encontro das espadas, o sangue dourado e o negro como petróleo que emanava dos exércitos, a batalha que as bestas travavam aparte, ao mesmo tempo em que aquilo me provocava arrepios, me fazia querer entrar no meio daquela guerra, desmembrando meu oponente, vendo seu sangue escorrer da ferida que causei... 
  Fui despertada com um grito, dessa vez realmente meu campo de visão tinha mudado, eu tinha voltado para o meu quarto, só que o angulo em que eu via tudo era o mesmo eu sentia o teto do meu quarto debaixo das minhas mãos e pés, meus olhos se voltaram para o espelho eu estava la nua agarrada ao teto, mas o que mais chamou a minha atenção foram meus olhos, meu olho esquerdo estava tão negro quanto o sangue dos demônios que fluíam no meu sonho, eu olho direito tão branco quanto às nuvens num dia de sol. 
  Eu precisava ver aquilo mais de perto, precisava me ver mais de perto, com esse pensamento meu corpo se impulsionou para baixo, caído na mesma posição que me encontrava, num movimento gracioso, que nunca imaginei ser capaz de fazer, eu fiquei de pé e caminhei ate o espelho. 
  Os gritos da minha mãe, os passos do meu pai subindo as escadas e ate mesmo a minha nudez ficaram em segundo plano, a única coisa em que eu conseguia prestar atenção era nos meus olhos, eu só tinha uma única explicação para tudo aquilo eu estava sonhando, aquilo não era real, porque se fosse o que estava acontecendo comigo? 


  Meus olhos, aos poucos, voltaram ao normal, definitivamente ou eu estava sonhando, ou eu tinha enlouquecido isso não podia ter acontecido, aquilo era humanamente impossível. No meio desses pensamentos uma dor como agulhas perfurando meu cérebro me arrancou os sentidos, fazendo-me desmaiar.

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