terça-feira, 14 de abril de 2015

Terriveis Segredos - Capitulo 15


Ficamos horas procurando algum livro, caderno, diário, algo que explicasse por que o espírito de Lemuian aparecia justo a mim dentre tantos bruxos e mestiços. Só saímos de lá quando minha mãe ligou a nossa procura.
Bel foi para sua casa e eu para minha, mesmo não sabendo onde estava eu sabia o caminho, sabia que assim que eu saísse da floresta eu tinha que ir reto duas quadras e virar para a esquerda na esquina e depois à direita, e minha casa seria a do meio do quarteirão.
Desde que eu cheguei a essa cidade coisas como um cabelo sedoso e brilhoso, senso de direção apurado estavam acontecendo, é difícil confessar, mas eu estou adorando dessa cidade.
Chegando em casa, minha mãe e meu pai não estavam, sai a procura de um bilhete, normalmente eles penduravam na geladeira, mas dessa vez não estava na mesa.

"Kora nós fomos convidados por Jonathan Warboys para um jantar, ele é o líder do meu antigo clã, tivemos que sair correndo, um convite de um líder não se pode recusar.
Tem dinheiro na primeira gaveta caso você queira comer alguma coisa.
Voltamos logo.

Mamãe e papai "

Bem que eu gostaria de conhecer o líder de Magnetites, pelo menos assim eu tinha uma conversa com ele sobre sua sucessora.
Mal tinha acabado de pensar nisso e alguém bate na porta, ao abrir uma surpresa agradável, Math Torsaker.
- Math? Oi,  que faz aqui?
- Você esqueceu não é?
- Esqueci o que?
- Hoje na hora do almoço... - ele parou para ver algum reconhecimento no que ele dizia, mas eu não lembrava, tanta coisa aconteceu hoje - lembra? Eu te convidei para sair.
Agora o reconhecimento veio átona, como eu pude esquecer isso?
- Nos nunca falamos que dia e que hora.
- Bem eu estava passando por aqui ai eu pensei, por que não hoje? Ai eu tentei a sorte, mas se você tiver o que fazer nós combinamos outro dia. A menos que você tenha se arrependido.
" Nem tudo que brilha é bom “
As palavras mesmo não fazendo sentido nenhum me assustaram, ate parecia que Dylan estava do meu lado me falando essas palavras novamente, só que dessa vez não tem beijo depois. Math transparecia bondade.
Mas e se a rixa entre eles for mais do que uma guerra centenária? Mas por que mais seria? Os valores dos clãs teriam mudado? Não, não pode, Amesthystus é bom e Magnetites é mal, essa é a ordem, mas por que estou com receio de ir? É um simples jantar o que mais poderia acontecer?
- Pode ser hoje.
Uma viagem de 10 minutos ate a pizzaria, bem já que ele convidou, ele que pague, esqueci de pegar o dinheiro na gaveta.
Pizzaria Bascos dizia a entrada.
- Só tem essa pizzaria na cidade toda?
- Não, mas esta é a melhor.
Okay, só espero que o Dylan não esteja ajudando o tio hoje, não quero uma confusão no meio da pizzaria lotada. Entramos e pedimos uma mesa que ficava do lado de uma varanda que dava vista para o nada, tudo que conseguimos ver era a escuridão da noite.
-E então eu vi você saindo da escola com o Bel. Onde ele estava?
-Ele falou que esteve na biblioteca o dia todo. - Não era mentira, mas também não falei qual biblioteca ele esteve.
 - A família dele sempre foram devoradores de livros. O pai dele faz parte dos criadores de feitiços do nosso clã.
- Nosso?
-Sim! Meu do Bel e seu.
-Como você sabe que sou do seu clã?
-Porque os Magnetites não se relacionam com humanos sem magia. Nosso clã e o deles estão em equilíbrio porque o Amesthystus está em maior numero por não fazer descriminação de com quem temos filhos e os Magnetites mesmo estando em menor não tiveram sua magia dividida. Digamos que eles são puros. Portanto você só pode ser uma de nós. Mas se você não acreditar nisso tenho uma coisa que pode te ajudar.
Ele pegou minha mão direita e a colocou entre suas duas mãos. Depois de um tempo senti um formigamento na palma e ouvi as palavras que estavam saindo da boca do Math. Ele estava entoando um feitiço para revelar a cor da minha áurea. Por um instante o formigamento ficou maior e eu achei que finalmente iria descobrir qual a essência da minha magia, mas quando ele terminou de entoar nada aconteceu.
-Era para ser assim?
-Não, era para aparecer um globo de energia na cor da sua área!
-E o que a cor da minha áurea tem haver com meu clã?
- Os bruxos e bruxas que possuem magia corrompida têm sua áurea negra ou cinza, normalmente varia de quanta raiva e rancor ele ou ela tiver dentro de si. A única exceção é a Brigit, por ela ter o dom do FOGO sua áurea tem as cores do elemento. Mas os que possuem magia natural têm suas áureas coloridas nas mais variadas cores. A minha, por exemplo, é...
-Dourada.
-Como você sabe? Eu nunca deixei ninguém além da minha família ver minha áurea.
-Eu só imaginei. Dourado combina com você. -Eu precisava falar alguma coisa para não ter que explicar que usei meu poder para ver as áureas dele e do Dylan.
-Bom não importa. Era pra acontecer isso!
Math abriu as mãos deixando uma esfera minúscula de cor dourada como ouro subir até a altura dos seus olhos e então a fez crescer e depois elas explodiu sem fazer som algum, apenas se desfazendo em poeira brilhante que ao invés de cair na mesa subiu para o céu cada vez mais alto.
-Que lindo Math.
-Eu gosto de fazer coisas bonitas com minha magia, ao contrario do Dylan que só pode destruir por ter sua magia corrompida.
Eu preferi ficar calada, mas quase deixei algumas palavras saírem para defender o Dylan.
-O que acha de tentarmos de novo Kora? Da outra vez eu estava nervoso.
-Tudo bem vamos lá.
Entreguei minha mão direita novamente para ele o vi fechar os olhos e entoar o mesmo feitiço de antes. Eu queria olhar para ele enquanto o feitiço era feito. De olhos fechados ele era tão bonito quanto de quando com eles abertos e sua boca em movimento parecia tão saborosa, mas algo me fez olhar para fora da varanda e para minha surpresa Dylan estava lá me olhando com olhos de raiva e desapontamento. Sem nem pensar duas vezes desvencilhei minha mão das do Math e fui correndo para fora deixando ele para traz sem provavelmente entender nada. Quando sai da pizzaria Dylan estava virando uma esquina e eu fui atrás dele.
-Dylan espera! Por favor.
-Esperar para que Kora? Para você me falar que de um encontro de amigos você decidiu que Math Tosaker merece mais do que só sua amizade? Perdoe-Me se atrapalhei o momento de vocês dois. Minha irmã tinha razão sobre você.
-Cale a boca seu garoto mimado, sua irmã nunca vai ter razão nenhuma sobre nada que fala de mim.
-Mimado? Você nem me conhece para falar isso, e agora não precisa se preocupar porque não vai mais saber nada de mim. Pode voltar para o seu namoradinho. Vocês se merecem sua mestiça idiota.
Depois de falar isso ele saiu com uma velocidade tremenda me deixando sozinha no escuro corredor de arvores que ficava atrás da pizzaria. Me ajoelhei no chão sem ter mais forças para ficar em pé e comecei a chorar. Pela primeira vez desde que sai de Toronto não consegui segurar minhas lagrimas. Eu queria gritar com Dylan, gritar que eu não tenho nada com Math, mas ele deixou claro que eu era apenas uma mestiça idiota. Eu já havia sido chamada de idiota algumas vezes e de mestiça mais atualmente, mas essas palavras vindas da boca do Dylan, da boca que me beijou hoje mais cedo teve um efeito que eu não esperava. A tristeza cresceu no meu peito, mas depois veio a raiva, e quando esses sentimentos se juntaram foi como se eu pudesse sentir toda a terra que estava em baixo dos meus dedos e não apenas a terra, eu podia sentir todas as coisas que estavam nela, não parei para raciocinar, eu só queria tirar a dor do meu peito e nessa hora a terra começou a tremer as arvores que formavam o corredor onde eu estava caíram e as vinhas que tomavam a parede dos fundos do restaurante racharam os tijolos fazendo um estrago enorme e que provavelmente dariam um prejuízo gigantesco para o tio do Dylan.
Depois que a tristeza saiu toda de mim só deixando a raiva, percebi tudo o que fiz e não me arrependi nem um pouco. Levantei do chão e fiz o caminho de volta até onde eu sabia que encontraria o Math.
-Kora, pelos deuses onde você estava? Fiquei preocupado por não te achar na hora dos tremores. A parede da cozinha da pizzaria praticamente caiu toda.
Não falei nada sobre onde estive e sobre Dylan, apenas dei um beijo na boca de Math. Um beijo que só dava para meu ex-namorado de Toronto quando ficávamos sozinhos e as coisas esquentavam. Eu não queria nem saber se havia alguém olhando, na verdade eu queria que todos vissem.
-Vem Math, eu perdi a fome. Que tal você me levar para casa agora?
-Claro.

Se para Dylan agora eu sou uma mestiça idiota, pelo menos serie uma mestiça idiota com um namorado que ele odeia.

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