terça-feira, 14 de abril de 2015

Terríveis Segredos - Capitulo 4

Depois de um dia realmente estranho e embaraçoso chegar em casa mesmo que nessa nova nunca foi tão bom, eu estou até agora sem entender o que deu em todas aquelas pessoas e principalmente aquela piranha. O que aconteceu lá? O que eu vi foi realmente real?
  Eu até que estou gostando desta cidade e por incrível que pareça meu cabelo estava ótimo desde que eu cheguei nessa cidade, foi como se ele tivesse começado a gostar de mim. Eu também senti uma coisa boa quando cheguei nesse buraco de cidade, mas logo que me lembrei da vida que deixei para trás a sensação foi embora mais rápido do que chegou.
  Chego em frente de casa e já escuto a voz do meu pai falando com minha mãe e ele estava brigando com ela, eu nunca os vi brigar, eles literalmente sempre concordavam com tudo e se não concordavam no final entravam em um acordo, mas nunca meu pai levantou a voz pra minha mãe. Assim que abri à porta a voz do meu pai abaixou completamente e ficou ainda mais estranho quando entrei na sala onde eles estavam.
  -Kora minha filha, como foi na nova escola?Alguma coisa estranha aconteceu?-antes mesmo de eu abrir a boca meu pai responde a sua própria pergunta- Claro que sim! Sua mãe não devia ter deixado você ir sem ter te contado.
  Eu estava prestes a mentir dizendo que foi tudo normal até ele dizer isso. O que minha mãe teria que ter me contado? O que eles estão escondendo de mim?
  -Contado o que papai? O que a mamãe deveria ter me contado?
  Então minha mãe que estava de cabeça baixa olhou para mim e me abraçou, depois pediu para eu me sentar. Ok isso estava ficando cada vez mais estranho.
  -Kora você sabe que eu e seu pai nascemos e crescemos nessa cidade e que você foi adotada aqui certo?
  -Sim mamãe foi por isso que saímos da cidade maravilhosa que vivíamos e viemos pra esse lugar.
  - Mas o que você não sabe é o porquê saímos de Beaupre, e é isso que eu deveria ter te contado.
  - O que isso tem haver com a escola?- eu já não estava entendendo mais nada.
  - Aqui em Beaupre as pessoas são diferentes das que você conhecia onde morávamos, elas  tem algo que as outras não tem.
  - Deu pra ver!- eu disse pensando em como as pessoas foram estranhas comigo.
  -Deu?-perguntou meu pai- O que você viu queria?
  -Foi maneira de falar papai!Eu só quis dizer que as pessoas daqui são estranhas, todos na escola ficaram me encarando como se eu fosse uma aberração.
  - Mas você não é querida- minha mãe tentou me consolar- você é igual a eles... Você é uma... Você é uma bruxa.
  Eu não sabia o que pensar, será que eles estavam brincando comigo? Se estiverem era uma brincadeira muito sem graça. Tudo bem que assim como minha mãe eu sempre tive jeito com plantas, elas sempre cresciam mais rápidas e mais coloridas quando eu as plantava, mas daí dizer que eu e quase todas as pessoas desse vilarejo são bruxos e bruxas era de mais, eu estava falando serio quando disse que me senti mal pela maneira que os outros me olharam na escola.
  -Ok!Então vou subir na minha vassoura envenenada e ir para o meu quarto fazer um feitiço que resolva todos os exercícios da escola. - nessa hora dei as costas para meus pais e fui para a escada andando já que não tinha vassoura nenhuma, e no momento que coloquei os pés no primeiro degrau não consegui dar outro passo por que trepadeiras começaram a tomar conta da escada e flores começaram a aparecer sob os meus pés, assustada virei para olhar meus pais e fiquei um tanto que incrédula e um tanto maravilhada. Toda a sala estava coberta por flores de cores brilhantes e de folhagens que não estavam ali antes e que levariam messes para ficarem daquele tamanho, pelo canto dos olhos vi duas borboletas azuis safira brincando entre as flores douradas que cresceram ao meu lado, até mesmo o ar da sala tinha ficado um tanto mais frio e com o cheiro de ar puro. No instante que olhei para minha mãe era como se um super ventilador daqueles que são usados em gravações de filmes de Hollywood estivesse sob seus pés fazendo seus cabelos loiros parecerem fios de ouro jogados da janela de um jato em alta velocidade, e quando seus olhos abriram estavam completamente desfocados como se olhassem através do meu corpo, mas isso ficou para trás quando o som de pássaros começaram a aparecer, ecoando por toda a parte, embora não tivesse nenhum animal em nossa casa muito menos pássaros silvestres. Olhei para meu pai em busca de uma explicação, mas tudo que encontrei foi à cara de uma pessoa que já havia visto isso há muito tempo e que estava tão feliz por poder presenciar isso tudo novamente. Parei de olhar meu pai e por um instante me esqueci que aquilo era impossível e que eu devia estar tendo outro sonho ou estava realmente enlouquecendo e me deixei levar pelo sentimento de euforia e pelas lembranças boas dos momentos que passei com minha mãe cuidando do nosso jardim. Até que toda aquela beleza que estava ao meu redor se desfez em fumaça negra, densa e fria que me deixou com a sensação de que um pesadelo iria começar. Em um momento toda aquela fumaça horrível foi em direção a minha mãe e a cobriu por completo formando um redemoinho de escuridão e quando se desfez pude ver que um pesadelo realmente estava em curso, mas não em minha cabeça e sim na da minha mãe que estava se contorcendo no chão como se estivesse lutando contra algo invisível.
  Corri para perto da minha mãe onde meu pai estava tentando acordá-la, os olhos de prazer que antes estampavam seu rosto a alguns segundos, deram lugar a olhos de pesar e medo, mas até mesmo agora meu pai mantinha sua pose que sempre me passou confiança, e eu sabia que ele ajudaria a mamãe.
  -Papai o que é isso? O que está acontecendo com a mamãe?
  -Kora olha pra mim - Não pude desviar os olhos ele tinha toda aquela confiança concentrada em sua voz- Não temos tempo pra explicações, então preste atenção no que eu vou te dizer agora... Tudo o que sua mãe falou é verdade, você assim como ela são bruxas que podem fazer coisas maravilhosas, mas não é tudo tão simples. A magia da sua mãe é diferente e ela não poderia ter feito o que você acabou de ver sem sofrer conseqüências.
  -Mas por que diabos então ela fez isso? Se ela sabia que ia sofrer- meus olhos ja estavam cheios de lagrimas- Ela não precisava...
  -Pare de chorar minha querida, ela fez isso por que sabia que era a única maneira de você acreditar no que estávamos te contando, sua mãe te ama o suficiente pra sofrer por você não importa o quanto. Mas o mais importante neste momento só você pode ajudá-la agora.
  -Eu? Mas por quê?Eu não sei o que fazer!!
  - Só você pode por que só você tem poderes- A ideia de ser bruxa ainda não tinha entrado na minha cabeça e meu pai percebeu isso- Eu preciso que você suba no meu quarto e pegue aquela caixa de madeira com os entalhes nas laterais e traga para mim okay? Faça isso agora Kora.
  Não tive tempo de pensar no que ele estava me pedindo e fui em disparada para o quarto dos meus pais.Eu sabia exatamente de qual caixa meu pai estava falando, sempre via minha mãe olhando o que tinha dentro daquela caixa, nunca soube o que tinha dentro dela, minha mãe nunca me deixou olhar e as únicas duas vezes que tive a caixa em minhas mãos foram apenas quando esperava minha mãe sair para usar suas maquiagens em minhas brincadeiras de fingir ser gente grande.Com o passar dos anos eu acabei deixando de ter curiosidade sobre o que tinha nela, acabei ganhando outras coisas com que me preocupar como meu namorado que era um gato. Ta chega não posso pensar no Henry agora.
  Entro como se fosse um furacão no quarto dos meus pais sem nem me preocupar se quebro alguma coisa. A caixa estava na primeira gaveta do criado mudo onde minha mãe sempre a deixava. Assim que olho para os entalhes parece que era a primeira vez que verdadeiramente enxerguei o quanto à caixa parecia misteriosa e reveladora ao mesmo tempo.Pego a caixa nas mãos e sinto novamente algo que nunca senti nas outras duas vezes que a peguei, era como se ela estivesse viva como se, não sei explicar... Como se dentro da caixa tivesse um coração que começou a bater assim que pus minhas mãos em cima dela. Não me contive por muito tempo nessas sensações, afinal minha mãe ainda se contorcia no chão da sala presa em algum pesadelo horrível e eu mais do que ninguém sabia o quanto era ruim ficar presa nos lugares horrendos que sempre éramos levados quando tínhamos um desses sonhos tingidos com medo e escuridão por toda parte.
  No lugar dos pensamentos sobre como era impossível de haver um coração naquela caixa minha mente ficou vagando sobre o que aconteceu naquela sala. Eu era mesmo uma bruxa? Eu tinha mesmo magia escondida em algum lugar do meu ser? Ter ficado no teto do meu quarto tinha sido eu fazendo mágica? Haaa eram tantas coisas! E algo me dizia que seria minha mãe que me diria o que foi tudo isso, mas primeiro ela tinha que acordar.
Chego à sala e meu pai ainda estava no chão com minha mãe no colo.
  - Aqui papai- e entrego a caixa para meu pai- O que faço agora?
  Meu pai antes de me responder coloca as mãos em cima dos entalhes e fecha os olhos como se estivesse fazendo uma prece falando em uma língua que eu não conheço, mas que me passa a sensação de que eu já as devia conhecer desde que nasci. A caixa faz um clique assim que a voz do meu pai para. Ele tira de dentro dela uma pedra transparente, na verdade pelo formato dela era algum tipo de cristal mas minhas aulas de geologia só me levaram até ai porque não fazia idéia de que tipo de cristal era aquele.
  - Kora esse é um cristal lemúria- ele esticou a mão me entregando o cristal.
  - Certo esse cristal lemúria vai acordar a mamãe?
  - Não, você vai acordar sua mãe!
  -Mas como? E por que me entregou esse cristal?
  - Cristais lemúria contem conhecimentos de varias coisas esse em especial vai te ajudar, a saber, o que fazer em momentos que o seu conhecimento não for o suficiente.
  - E como eu uso isso?
  - Você já está usando Kora! Olhe suas mãos.

  Minhas mãos estavam brilhando e eu estava sentindo como se algo estivesse preso dentro de mim e que finalmente podia sair e ir pra onde quisesse, estava quase me entregando a essa liberdade quando palavras explodiram na minha cabeça, eram palavras novas para mim, mas eu sabia que elas vinham de muito antes de eu se quer pensar em existir.   Elas fluíram da minha mente até minha boca e eu sabia que era disso que meu pai estava falando, que era isso que iria acordar minha mãe e principalmente eu sabia que eu realmente era uma bruxa. Pensar nisso fez com que algo desse errado, não sei o que, foi como se eu me perdesse em meio a uma mistura de luz e escuridão, então desmaiei assim que as palavras pararam de aparecer.

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