Enquanto
estava inconsciente tive outro sonho.
Neste
sonho eu estava em um campo, a minha direita se estendia um floresta tão grande
que se perdia de vista, a minha esquerda o mar dava mais beleza ao sol que se
punha. Nunca na minha vida tinha visto tamanha beleza.
Eu
estava usando um vestido sem mangas que ia ate o chão, ele era verde do mesmo
tom que os meus olhos, meus pés estavam descalços e a cada passo eu sentia a
maciez da grama.
Detrás
das árvores eu sentia olhos a me observar, medo do desconhecido me invadiu, mas
quanto mais eu olhava mais o medo se dissolvia, coragem me inundou e eu
caminhei com passos firmes ate a floresta, na metade do caminho meu observador
veio ao meu encontro.
No momento que eu o vi eu congelei, mesmo com a transparência típica de fantasmas que vemos em filmes de assombrações dava para ver que ele tinha uma pele azul, seus cabelos estavam tão sujos que pareciam ser feitos dos galhos e cipós que se misturavam com as madeixas negras, seus olhos castanhos estavam carregados de poder e sabedoria, sua roupa tinha uma textura que facilmente seria confundida com a casca de uma arvore. Por mais estranho que pareça eu não fiquei assustada com esse ser que estava vindo em minha direção, ele não era nada que eu já tenha visto em algum momento da minha vida, mas ele parecia ser tão pacífico e puro.
O
ser foi chegando cada vez mais perto até estar cara a cara comigo ele era alto
realmente muito alto antes mesmo que eu tivesse a oportunidade de falar
qualquer coisa a criatura azul abriu a boca e dela saiu uma brisa tão boa que
tive que fechar meus olhos tamanho prazer. E foi como em um passe de mágica ao
abrir meus olhos eu sabia que estava no mesmo lugar, mas agora havia uma cidade
gigantesca e brilhante as casas eram lindas com sacadas cheias de flores de
todas as cores, e o perfume era doce, mas suave dava uma sensação de estar de
volta de onde nunca deveria ter saído(o que é estranho já que nunca estive
neste lugar, até por que eu me lembraria). As casas estavam todas no mesmo
nível mas pareciam formar um circulo, comecei a andar pelas ruas como se algo
estivesse me atraindo foi quando me deparei com um lugar realmente grande tão
alto que parecia estar acima das nuvens. A porta era igualmente grande com
entalhe de uma arvore e com pessoas posicionadas em um círculo como se
aclamassem a planta. Eu sentia que havia alguma coisa atrás dessa porta e eu
precisava ver o que era. No instante que toquei a porta uma voz começou a me
chamar. Kora... Kora...!
A
luz que saia de dentro do lugar era forte demais foi quando percebi que a voz
que me chamava era da minha mãe e que eu estava de volta ao meu quarto. Eu
estava no chão próximo ao espelho, minha cabeça doía, no meu corpo somente um
lençol fino me cobria, minha mãe estava agachada encima de mim me abanando,
dizendo que tudo acabaria bem.
Tudo
o que? O que aconteceu? Antes que eu pudesse fazer mais perguntas minha mãe me
ajudava a levantar, forçando-me a caminhar ate a cama, durante todo o caminho
ela repetia a mesma coisa:
-Não
foi nada, você só precisa voltar para cama, tudo acabara bem, você vera -
quando minha mãe começa a falar sem parar significa que algo não esta bem.
-Mãe
o que aconteceu? O que houve? - quanto mais eu falava mais dor eu sentia, já
estava desistindo de saber quando me lembrei. O choque foi tão grande que eu
parei de andar na hora, olhando para trás do teto ao espelho, do espelho ao
teto. Quando eu tive a certeza de que não foi um sonho eu quase desmaiei
novamente.
-
Calma filha você só teve uma queda de pressão.
Como
uma queda de pressão explicaria o fato de que eu estive de ponta cabeça no teto
com um olho branco e o outro preto? Como explica os sonhos que eu tive? Aonde
era aquele lugar maravilhoso? E o que aquele ser azul queria comigo?
Tantas
perguntas e nenhuma resposta. Minha cabeça latejava, meus passos eram em falsos
eu só não cai porque minha mãe me segurava, conduzindo-me pelo braço ate a
minha cama.
-
Você só precisa descansar como foi a sua noite? Teve algum pesadelo?
Eu
não via razão para mentir para ela, mas algo em mim não me deixou dizer a
verdade.
-
Não, dormi muito bem hoje.
Ela
esta mentindo para você, uma voz dizia dentro da minha cabeça, mas não havia
razão para ela mentir para mim, ela era a minha mãe nunca mentiria para mim.
Esse pensamento fez com que eu me sentisse mal pelo que eu fiz mentir para a
minha mãe não era feitio meu. Eu não era assim.
-
Ótimo, sabia que você só precisava de um ambiente mais calmo e tudo se
resolveria.
A
maneira em que ela disse isso, só fez a minha consciência ficar ainda mais
pesada, não tinha o porquê mentir para ela. Com dor no peito eu vi ela se
retirar do meu quarto, com uma dor ainda maior eu viela cuidar de mim, com medo
eu adormeci, com medo da batalha, do ser azul, de como ou onde eu me
encontraria quando eu acordasse.
Para
a minha sorte, não tive sonho algum, mas enquanto eu ainda não tinha dormido a
cena do que tinha repassado umas mil vezes na minha cabeça, teria eu imaginado
tudo aquilo? Será que eu estou tendo alucinações?
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